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Como garantir a segurança do paciente cirúrgico? | Colunista

Como garantir a segurança do paciente cirúrgico? | Colunista

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Você já precisou realizar alguma cirurgia e sentiu medo ao entrar no centro cirúrgico? Se sua resposta for sim, você compartilha do mesmo sentimento vivenciado pela maior parte dos pacientes submetidos a cirurgias.

O ambiente do centro cirúrgico é realmente assustador na ótica do paciente, pois é um local frio, com inúmeros equipamentos diferentes, pessoas desconhecidas, e na maioria da vezes, sem identificação. Todos os profissionais utilizam a mesma vestimenta privativa do setor, além de touca e máscaras, deixando o rosto do profissional escondido por trás dos equipamentos de proteção individual. Soma-se a isso, o fato de o paciente estar desnudo, em jejum e com muito medo de ser vítima de erros, medo da anestesia e da cirurgia.

O centro cirúrgico é um dos setores do contexto hospitalar que contempla as maiores transformações, em razão da evolução tecnológica no tangente às técnicas cirúrgicas e anestésicas, além do aprimoramento dos recursos humanos e materiais. Esse advento tecnológico requer, por parte da equipe de enfermagem, uma constante busca por atualização do conhecimento técnico-científico. Mas, muito além dessa atualização do conhecimento, está a necessidade de estabelecer ferramentas de cuidado que proporcionem segurança ao paciente.

Mas, como podemos amenizar esses sentimentos e ofertar maior segurança ao paciente cirúrgico?

O procedimento anestésico-cirúrgico é visto como o momento mais importante da hospitalização para o paciente cirúrgico. Há uma dicotomia entre a expectativa de resolução da sua doença e o medo dos riscos inerentes aos procedimentos. Para reduzir os riscos envolvidos com o procedimento cirúrgico, bem como os traumas dessa experiência, as ações de enfermagem devem ser planejadas para todo o período perioperatório. E, para alcançar esse patamar de segurança recorre-se a um instrumento de baixo custo, bastante simples, mas muito útil para garantir a segurança do paciente, que é o checklist* (PANCIERI; CARVALHO; BRAGA, 2014).

O checklist surgiu em 2009, a partir da campanha “Cirurgias Seguras Salvam Vidas”, lançada pela Organização Mundial da Saúde com o propósito de reduzir riscos cirúrgicos. Bergs et al (2015) apontam que o checklist não deve ser encarado como mera intervenção técnica, mas sim como uma ferramenta de cuidado seguro e de cooperação entre a equipe, pois todos são responsáveis pela segurança do paciente.

Todavia, é importante destacar que a segurança do paciente se inicia pelo planejamento adequado da equipe de enfermagem quanto à identificação do paciente e do procedimento a ser realizado, através do mapa cirúrgico que deve estar visível para todos os envolvidos no ato anestésico-cirúrgico. Deve-se receber o paciente no centro cirúrgico de forma cordial, apresentando-se com nome e função, explicando-lhe cada passo do que ocorrerá até o início da cirurgia.

Lembre-se, o desconhecido causa medo! Também é importante ter cautela ao realizar o posicionamento do paciente na mesa cirúrgica para evitar traumas, sejam eles físicos ou psicológicos.

Uma vez que o paciente esteja devidamente posicionado na mesa cirúrgica deve-se aplicar a primeira etapa do checklist de cirurgia segura antes da indução anestésica (sign in), confirmando a identidade do paciente, identificação do local que será operado e procedimento a ser executado, verificar os documentos impressos e alergias que o paciente apresente, verificar os riscos relacionados ao procedimento e a possibilidade de perda sanguínea (PANCIERI; CARVALHO; BRAGA, 2014).

Cumprida a primeira etapa do checklist, o paciente é devidamente anestesiado e antes de iniciar o ato cirúrgico realiza-se a segunda etapa antes da incisão da pele (time out), confirmando os membros da equipe com nome e função de cada um, verificação dos pontos considerados como críticos no procedimento, incluindo duração de tempo prevista do procedimento e perda sanguínea estimada. Com as duas primeiras etapas realizadas a cirurgia inicia-se e é importante que toda a equipe cirúrgica esteja atenta a todo tempo para garantir a segurança do paciente (PANCIERI; CARVALHO; BRAGA, 2014).

Por fim, ao término do procedimento cirúrgico, antes de o paciente sair da sala de cirurgia deve-se realizar a terceira etapa do checklist (sign out), confirmando a intervenção que foi realizada, realizando a conferência e contagem de compressas e materiais utilizados durante a cirurgia, evitando assim, que algo seja esquecido dentro do paciente. É prudente também, verificar a situação dos equipamentos e materiais utilizados, para caso seja necessário, providenciar os devidos reparos e manutenções (PANCIERI; CARVALHO; BRAGA, 2014).

Por mais que pareça simples, esse instrumento é fundamental para garantir a segurança do paciente cirúrgico, evitando que iatrogenias ocorram. É importante destacar que além de aplicar o checklist é essencial ofertar ao paciente um cuidado humanizado para que sua experiência cirúrgica seja o menos traumatizante possível, além de promover uma maior credibilidade da equipe.

É salutar que um profissional esteja na liderança da condução do checklist, mas todos são responsáveis por sua implementação. Para tanto, é importante que a equipe como um todo conheça esse instrumento, e mais que isso, compreenda a sua importância em garantir a segurança não só do paciente, mas de toda a equipe, evitando que erros ocorram.
 

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Fonte: Organização Mundial da Saúde, 2009.

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REFERÊNCIA

BERGS, J.; et al. Barriers and facilitators related to the implementation of surgical safety checklists: a systematic review of the qualitative evidence. BMJ Quality & Safety, v. 24, n. 12, p. 776-786, 2015.

PANCIERI, A. P.; CARVALHO, R.; BRAGA, E. M. Aplicação do checklist para cirurgia segura: relato de experiência. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 26-33, jan./mar., 2014.

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