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Acompanhamento farmacoterapêutico de excelência e seus benefícios | Colunista

Acompanhamento farmacoterapêutico de excelência e seus benefícios | Colunista

O papel do profissional farmacêutico foi sendo moldado ao decorrer da história e tornou-se cada vez mais específico. No final da 2ª Guerra Mundial, junto com desenvolvimento tecnológico e avanço da indústria farmacêutica, fez com que o mesmo atuasse menos na farmácia magistral e começasse a desenvolver um atendimento mais clínico.

No Brasil, somente na década de 1990 o farmacêutico fez-se mais presente no atendimento assistencial e clínico. Com o avanço da profissão, a importância do papel desse profissional tem se mostrado cada vez maior.

De acordo com a lei 13.021/2014, “Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva”. 

Além disto “Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional

Portanto, o papel do farmacêutico não tem como objetivo apenas melhorar o acesso do paciente ao medicamento e sim auxiliá-lo em relação ao uso correto e racional do mesmo. Além de orientar o paciente quanto a possíveis interações medicamentosas e/ou alimentares, por meio do acompanhamento farmacoterapêutico.

Mas o que  é o acompanhamento farmacoterapêutico?

O acompanhamento farmacoterapêutico consiste no monitoramento clínico do paciente. Sendo mais específica, tem como principal objetivo acompanhar e avaliar como está sendo a adaptação do paciente aos fármacos utilizados. Com o olhar técnico do farmacêutico é possível detectar interações medicamentosas ou outros problemas relacionados ao seu uso. Um exemplo fictício: Dona Joana, é diabética e faz o uso de insulina diariamente, porém passará a utilizar também todos os dias o Ácido Acetilsalicílico (ASS) como antiplaquetário. A paciente deve ser orientada quanto ao uso desses medicamentos, pois existe interação entre eles, o AAS pode aumentar o efeito hipoglicemiante da insulina.

Como o farmacêutico pode realizar esse acompanhamento?

De início é necessário uma coleta de dados do paciente, como dados pessoais, exames e a prescrição médica. Para facilitar esse processo de acompanhamento, três etapas ocorrem:

Primeiro, é realizada a análise do paciente, que consiste em avaliar as necessidades farmacoterapêuticas do mesmo, ou seja quais medicamentos ele utiliza? Quais possíveis problemas podem ser evitados? Como é a rotina desse paciente? Lembre-se de dar espaço para o paciente falar, se expressar para que assim você possa criar um “elo terapêutico” com ele. 

Segunda etapa, o farmacêutico realiza uma intervenção (se necessário). Um planejamento terapêutico é traçado para o paciente, levando em consideração seu tratamento e rotina. Assim evitando problemas no tratamento, ou até menos o abandono da farmacoterapia. 

A terceira etapa é avaliação, o farmacêutico verifica se as intervenções realizadas tiveram sucesso. Todos os resultados obtidos da intervenção são coletados.

Benefícios que vão além do paciente

A atenção farmacêutica de excelência impacta diretamente na adesão do paciente ao tratamento. No atendimento clínico, o profissional farmacêutico alerta o paciente quanto a importância do tratamento da sua patologia. Por exemplo, seu João apresenta um quadro de gastrite, exames foram realizados e o mesmo foi diagnosticado com H. pylori.

O tratamento dessa doença deve ser seguido rigorosamente, afinal é um patógeno extremamente resistente que pode evoluir para um quadro mais grave como úlcera péptica ou câncer, caso o tratamento não seja realizado até o final. Ou seja, a atenção farmacêutica nesse exemplo é de suma importância para a cura do paciente. 

Os pacientes com doenças crônicas também são beneficiados com acompanhamento farmacoterapêutico, pois possíveis interações medicamentosas ou interações com alimentos podem ser evitadas fazendo com o paciente não tenha nenhuma complicação e continue utilizando os fármacos necessários.  Com isso a probabilidade desse paciente gerar mais custos para saúde pública diminui, afinal ele se torna um paciente controlado.

A falta da atenção farmacêutica acarreta no uso incorreto dos medicamentos, seja administração na via errada, dosagem errada ou até mesmo a falta de esclarecimento em relação às contraindicações. E esses erros geram intoxicações medicamentosas.

De acordo com dados levantados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) em 2016, essas intoxicações tiveram um crescimento de 20% comparado à década anterior. Com o acompanhamento farmacoterapêutico, esse problema também pode ser evitado. Gerando assim segurança para os pacientes e menos custos para saúde pública.

Impactos ambientais também podem ocorrer apenas com a orientação sobre o descarte correto de medicamentos vencidos e o uso racional de antibióticos. Com o acompanhamento farmacoterapêutico de excelência, pode-se realizar mudanças sociais, econômicas e ambientais. 

É sabido que a escassez de recursos públicos para a saúde é uma realidade de vários países, principalmente por conta do cenário pandêmico de COVID-19 que ainda vivemos em 2021. Diante dessa problemática, faz-se necessário a melhoria de processos na gestão pública e principalmente melhoria na assistência prestada.

O atendimento clínico farmacêutico proporciona para o paciente um olhar mais cuidadoso em relação ao seu tratamento, acarretando na redução de erros de prescrição, diminuição no número de internações, atendimento individualizado e melhoria na qualidade de vida do paciente. Não se trata apenas de economia na saúde pública, mas sim na otimização do processo terapêutico. Afinal, menos recursos são gastos e mais resultados positivos são obtidos no tratamento do paciente. 

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Referências

AIRES, Claudia., MARCHIORATO, Liliane. Acompanhamento Farmacoterapêutico a Hipertensos e Diabéticos na Unidade de Saúde Tereza Barbosa: Análise de Caso. R. Bras. Farm. Hosp. Serv. de Saúde São Paulo, v.1, n1, 2010. Disponível em: <http://www.sbrafh.org.br/v1/public/artigos/RBFHSS_01_art05.pdf> Acesso em 18 de maio de 2021.

CARVALHO, Felipe. Avaliação econômica do impacto da atividade de Atenção Farmacêutica na assistência à saúde: aspectos metodológicos. Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 2007. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-06032008-160915/publico/tese.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2021

CRF-SP. Manual de Orientação ao Farmacêutico – Lei nº 13.021/2014. Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Secretaria dos Colaboradores. Grupo Farmácia Estabelecimento de Saúde, 2015. Disponível em: <http://www.crfsp.org.br/documentos/materiaistecnicos/Lei_n_13.0212014_e_Valorizacao_Profissional.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2021.

CRF-SP. Profissão Farmacêutica. Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Departamento de Apoio Técnico e Educação Permanente. Comissão Assessora de Farmácia Hospitalar. A Profissão Farmacêutica. / Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. 2 ed , 2019. Disponível em: <http://www.crfsp.org.br/documentos/materiaistecnicos/profissao_farmacutica_final.pdf>. Acesso em 18 de maio de 2021.

FIOCRUZ, SINITOX, MS. Casos Registrados de Intoxicação Humana por Agente Tóxico e Trimestre. Brasil. Ministério da Saúde, Fiocruz e Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, Brasil, tabela 5. 2016. Disponível em: <https://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/files//Brasil5_9.pdf>. Acesso em: 18 de maio de 2021.

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