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Você sabe o que faz um enfermeiro no CME? | Colunista

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Antes de qualquer coisa, precisamos definir o que é um CME. E se fizermos uma rápida busca por definições encontraremos diferentes entendimentos: Centro de Material e Esterilização; Central de Material e Esterilização; Central de Materiais Esterilizados; ou Centro de Materiais Esterilizados. Independente de qual definição iremos adotar, o objetivo central desse importante setor é processar todos os artigos odonto-médico-hospitalares utilizados nos diferentes procedimentos realizados na assistência em saúde (LUCON; BRACCIALLI; PIROLO; MUNHOZ, 2017).

Os artigos hospitalares são classificados em três grupos, de acordo com seu potencial de risco para causar infecções, a saber (COSTA, 2013):

  • Críticos: todos aqueles que penetram os tecidos corporais e obrigatoriamente necessitam ser submetidos à esterilização, como por exemplo, os instrumentais cirúrgicos.
  • Semicríticos: aqueles que têm contato com mucosas íntegras e necessitam ser submetidos minimamente ao processo de desinfecção de alto nível, como por exemplo, os endoscópios.
  • Não críticos: aqueles que têm contato com pele íntegra, e necessitam ser submetidos ao processo de desinfecção de baixo nível ou limpeza, como por exemplo, termômetros.

É válido destacar que para executar qualquer procedimento relacionado ao cuidado em saúde, numa instituição de saúde, é necessário utilizar materiais, que em sua maioria são estéreis. Esse cuidado com a utilização de tais materiais esterilizados, justifica-se pelo princípio de evitar a ocorrência de infecções pelo uso de materiais contaminados. Nesse tocante podemos afirmar que o cuidado de enfermagem se inicia pelo processamento dos materiais que serão utilizados na assistência em saúde. Assim, temos aqui um exemplo de cuidado indireto ao paciente.

Já que estamos falando de cuidado, não fica difícil de imaginar que os protagonistas do CME são os profissionais de enfermagem. Portanto, no CME vamos encontrar os profissionais Enfermeiro, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. E já que muitos consideram o CME o coração do hospital, podemos dizer que a Enfermagem é essencial para garantir o funcionamento de qualquer instituição que utilize materiais estéreis. E você sabe quais são as atribuições do Enfermeiro nesse setor?

A Resolução COFEN n° 424/2012 (COFEN, 2012) normatiza as atribuições dos profissionais de enfermagem em CME e em empresas processadoras de produtos para a saúde, determinando que cabe ao Enfermeiro a coordenação desses setores. E nessa resolução são estabelecidas as principais atribuições do Enfermeiro na coordenação desse setor, onde destacam-se:

  • Planejamento, coordenação, execução, supervisão e avaliação de todas as etapas relacionadas ao processamento de produtos para a saúde que inclui a recepção, limpeza, secagem, avaliação da integridade e funcionalidade, preparo, desinfecção ou esterilização, armazenamento e distribuição dos materiais esterilizados;
  • Elaboração de Protocolo Operacional Padrão (POP) para a execução do processamento de produtos para a saúde;
  • Proposição e utilização de indicadores de controle de qualidade do processamentos dos materiais esterilizados;
  • Avaliação da qualidade dos produtos fornecidos por empresas processadoras terceirizadas;
  • Definição de critérios na utilização de materiais que não pertençam ao serviço de saúde;
  • Participação nas ações de prevenção e controle de eventos adversos, incluindo controle de infecções;
  • Garantir a utilização dos equipamentos de proteção individual por todos os profissionais no CME;
  • Estabelecer o dimensionamento e a qualificação necessária dos profissionais para atuação no setor;
  • Promover a educação permanente dos profissionais que atuam no setor;
  • Determinar o fluxograma dos materiais esterilizados dentro da instituição;
  • Emitir parecer técnico quanto à aquisição de materiais, equipamentos e insumos para o CME;

Pelas descrições acima, fica fácil perceber quão complexa é a atuação do Enfermeiro nesse setor. Evidentemente, que para desenvolver todas essas atribuições com sucesso, o enfermeiro coordenador do CME conta com o apoio dos profissionais Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, que exercem suas funções de cuidados com os materiais, sob supervisão do Enfermeiro. Logo, é importante salientar que o sucesso das ações executadas no CME depende da articulação entre a equipe.

Portanto, além de todas essas funções técnicas, o Enfermeiro do CME precisa saber gerenciar sua equipe de trabalho, para que esta seja o mais coesa possível no desempenho de suas ações, padronizando assim a forma de cuidado. As ações executadas no CME representam um cuidado complexo, pois mesmo que não estejamos executando um cuidado direto ao paciente, como por exemplo realizar um curativo, somos os responsáveis pelo processamento dos materiais que serão utilizados nesse cuidado direto. Assim, qualquer falha no processamento do materiais acarretará falha na execução do cuidado direto, resultando em danos ao paciente.

Não restam dúvidas que, muito mais do que ter conhecimentos sobre equipamentos, artigos, instrumentais e processamento de materiais, deve-se ter muita responsabilidade e zelo no cuidado com os materiais em todas as suas etapas desde sua recepção no CME até sua distribuição para os setores. E não se pode deixar de mencionar, a necessidade da permanente atualização para não se tornar ultrapassado.

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REFERÊNCIA

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Resolução COFEN n° 424/2012. Normatiza as atribuições dos profissionais de enfermagem em Centro de Material e Esterilização (CME) e em empresas processadoras de produtos para a saúde. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-4242012_8990.html>.

COSTA, Eliana Auxiliadora Magalhães. Gerenciando risco em reprocessamento de produtos para a saúde: uma metodologia para serviços hospitalares. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 33-44, abr./jun., 2013.

LUCON, Selma Maria Ravazzi; BRACCIALLI, Luzmarina Aparecida Doretto; PIROLO, Sueli Moreira; MUNHOZ, Cláudia Cordeiro. Formação do enfermeiro para atuar na central de esterilização. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 90-97, abr./jun., 2017.

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