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Enfermeiro intensivista: competências e desafios | Colunistas

Enfermeiro intensivista: competências e desafios | Colunistas

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor que dá suporte a pacientes criticamente enfermos ou potencialmente críticos. É permeada de complexidade e tecnologias, que demandam especialização para o profissional que nela atua. O enfermeiro é um elemento essencial da equipe multiprofissional da UTI.

É da competência do enfermeiro a Sistematização da Assistência de Enfermagem, “que organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos” (Resolução COFEN 358/2009). Isso é privativo da profissão e comum a todos os âmbitos de atuação. Mas, especificamente na UTI, o que faz o enfermeiro intensivista?

De forma objetiva, compete ao enfermeiro “cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida” e “cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas”, como está na Lei do Exercício Profissional (n°7.498/86).

Dentro dessa competência, existem diversas maneiras de atuação junto aos pacientes graves. Por exemplo:

  • Montagem, testagem e instalação de aparelhos de ventilação mecânica invasiva e não-invasiva;
  • Conhecimento de medicações de alta vigilância, como drogas vasoativas, sedativos e antibióticos;
  • Avaliação de lesões e execução de curativo de feridas, com prescrição de coberturas;
  • Realizar desbridamento instrumental, autolítico, mecânico e enzimático;
  • Auxílio em procedimentos médicos, como intubação e punção venosa central;
  • Aspiração de vias aéreas e avaliação de sua necessidade;
  • Punção arterial, para fins de gasometria e monitoramento de pressão arterial invasiva;
  • Instalação de sistemas de monitorização hemodinâmica;
  • Atuação em parada cardiorrespiratória;
  • Execução de procedimentos como cateterismo vesical de demora, cateterismo nasogástrico/nasoentérico, punção de veia jugular externa;
  • Instalação de Nutrição Parenteral Total (NPT).

Além disso, há o desenvolvimento de atividades burocráticas como evolução de enfermagem, aprazamento de prescrições médicas, resposta a pareceres técnicos, construção de escalas de trabalho da equipe de enfermagem, passagem de plantão, previsão e provisão de materiais, conferência de carros de emergência, registo de ordens e ocorrências, e outras atividades exigidas a nível institucional.

Desafios

Atuando em um setor com recursos tecnológicos para manter o suporte à vida do paciente grave, rotinas, burocracias, métodos, e em grande maioria com pacientes sedados, há a tendência de o enfermeiro intensivista resumir sua atuação em práticas sem considerar a individualidade de cada paciente, e seu dia-a-dia tende a se tornar uma mera execução de tarefas pré-determinadas.

Muito além de uma prática mecânica e biologicista, o enfermeiro de uma Unidade de Terapia Intensiva deve reunir competências para uma alta performance profissional que incluem conhecimentos, habilidades e atitudes.

Isso é um desafio e tanto! E além de gerenciar o cuidado ao paciente, atuando na assistência direta, o enfermeiro ainda gerencia a sua equipe, atuando como líder, direcionando tarefas, mediando conflitos, modificando processos, treinando o pessoal, desenvolvendo a comunicação… e promove ações de educação, pesquisa e gerenciamento.

O ambiente da UTI possui vários fatores estressores que contribuem para a sobrecarga dos profissionais que nela atuam, como a grave situação de saúde dos pacientes, a insalubridade, o fato de ser unidade fechada, ruídos intermitentes de monitores, respiradores e bombas de infusão, situações de emergência, sobrecarga de trabalho… Cabe ao enfermeiro minimizar os fatores que lhe cabem para promover um ambiente equilibrado emocionalmente e colaborativo.

Deu pra perceber que o perfil desse profissional deve ser dinâmico, né? Requer domínio e atualização técnico-científica e desenvolvimento subjetivo pessoal, que inclui equilíbrio emocional, sensibilidade, manter a calma em situações adversas, proatividade, atenção, empatia…

A intenção desta coluna não é esgotar o assunto, pois a terapia intensiva é uma vasto campo de atuação que inclui muitas possibilidades e competências. Para aprofundamento e preparo do profissional para atuação na área, existem cursos pós graduação.

Para ser enfermeiro intensivista, há dois caminhos possíveis para se percorrer: fazer uma pós-graduação lato sensu, ou fazer residência em Terapia Intensiva. Ambos dão o diploma de especialista em terapia intensiva mediante a conclusão.

E aí, você gosta de cuidar de paciente grave?

Abraços,
Fernanda Matoso

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Referências:

BRASIL. Lei 7.498/86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências.

CORREIO et al. Desvelando competências do enfermeiro de terapia intensiva. Enferm. Foco; 6 (1/4): 46-50, 2015.

RESOLUÇÃO COFEN N° 0567/2018. Regulamento da equipe da atuação da equipe de enfermagem no cuidado aos pacientes com feridas.

RESOLUÇÃO COFEN N° 0639/2020. Dispõe sobre as competências do Enfermeiro no cuidado aos pacientes em ventilação mecânicano ambiente extra e intra-hospitalar.

RODRIGUES, Ticiana Daltri Felix. Fatores estressores para a equipe de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva. Rev Min Enferm.; 16(3):454-462, Jul/Set, 2012.

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