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Qual o papel do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar hospitalar?

Qual o papel do cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar hospitalar?

A Odontologia Hospitalar, no Brasil, foi inserida de forma legal em 2004 por meio da criação da Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar. Em 2008, foi decretada a Lei nº 2776/2008, a qual determina a presença do dentista nas equipes
multiprofissionais hospitalares obrigatoriamente (MEIRA et al, 2010). A inserção do Cirurgião-Dentista (CD) na equipe multiprofissional de atendimento ao paciente internado pode contribuir de diversas maneiras, como: diminuir o risco de infecção, a quantidade de medicamentos administrado, diminuir o período de internação, além de melhorar a qualidade de vida e garantir um atendimento universal ao paciente (MARDER, 2007).

A contribuição do CD em nível ambulatorial ou baixa complexidade hospitalar tem o objetivo de auxiliar, disponibilizar e incorporar mais força ao que caracteriza no hospital um atendimento completo ao paciente (ARANEGA et al, 2012). Os procedimentos realizados em ambiente hospitalar requerem o trabalho em equipe multidisciplinar, sendo que a responsabilidade total dos procedimentos é distribuída entre médicos, cirurgiões-dentistas e toda equipe de saúde. Na maioria das vezes, os pacientes que precisam ser atendidos em hospitais são aqueles que devido suas condições de saúde não podem ser submetidos a alguma intervenção em consultórios odontológicos convencionais, visto que não apresentam infraestrutura adequada ou mesmo à ausência de uma equipe auxiliar treinada para qualquer intercorrência (QUELUZ, PALUMBRO, 2000).

Para o CD é um desafio sua atuação em hospitais, dado que devido ao preconceito referente à prática odontológica no ambiente hospitalar, ocorre uma dificuldade ao atendimento integral do paciente. Isso faz com que os cirurgiões- dentistas atuem apenas em consultórios e unidades de saúde pública, exceto em casos de cirurgia Buco-Maxilo-Facial ou procedimentos que demandam anestesia geral (ARANEGA et al, 2012). A disciplina Odontologia Hospitalar no currículo de
graduação das faculdades de Odontologia é pouco abordada, em alguns casos este tema é abordado somente em nível de especialização. O aluno de graduação em Odontologia, durante a sua formação deve ser incentivado e preparado para o manejo do paciente em nível hospitalar garantindo, então, uma formação mais preocupada em atender o paciente de uma forma integral e segura (GODOI et al, 2009).

A Odontologia Hospitalar caracteriza-se por práticas que visam cuidados das alterações bucais que exigem procedimentos de equipes multidisciplinares de alta complexidade ao paciente. A prática das profissões de saúde, desde o princípio objetiva diagnosticar doenças e promover a saúde. A Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial foi a primeira especialidade da Odontologia a ser implantada nos hospitais, servindo como uma ponte ligando o Hospital e a Odontologia (GODOI et al, 2009). Entretanto, no ambiente hospitalar não são realizados apenas procedimentos cirúrgicos, são desempenhados também a capacitação e a supervisão dos pacientes internados em relação à manutenção da saúde bucal e a prevenção de doenças, promovendo um incentivo a higienização e a constante exame da cavidade oral (DORO, 2006).

A atuação do dentista especialista em Odontologia Hospitalar consiste no monitoramento constante do paciente internado, uma vez que, através de exames adequados é possível obter ciência de doenças sistêmicas que podem estar em
progressão; logo, através dos cuidados bucais pode-se reduzir o período de internação dos pacientes e prevenir sequelas promovidas pela internação e até mesmo o desenvolvimento de doenças mais graves (MARDER, 2007). Além disso o profissional está capacitado para:

  • Solicitar e interpretar exames complementares (exames hematológicos, exames de imagem, etc.);
  • Promover o controle e minimizar o risco de infecções;
  • Realizar procedimentos odontológicos em pacientes com patologias sistêmicas graves;
  • Diminuir o uso de medicamentos ou mesmo da nutrição parenteral.

A prática da odontologia em ambiente hospitalar reivindica um preparo profissional complementar, não sendo pautado apenas nos aspectos relacionados aos cuidados com a cavidade oral, mas também no compromisso de assistência integral e humanização no atendimento, a partir de ações que busquem o bem estar e qualidade de vida do paciente. A Odontologia assume uma importante área da saúde com ações preventivas, eliminação de processos inflamatórios, infecções e dor que possam contribuir para prejuízos aos pacientes internados, além de associações com as condições sistêmicas no ambiente hospitalar. Embora pouco conhecida, até mesmo entre a classe odontológica, a Odontologia Hospitalar, juntamente com os demais membros da equipe multidisciplinar, tem como objetivo comum a promoção e o desenvolvimento da ciência da saúde de forma integral.

REFERÊNCIAS

ARANEGA, Alessandra Marcondes et al. Qual a importância da Odontologia Hospitalar?. Revista Brasileira de Odontologia, v. 69, n. 1, p. 90, 2012.

MARDER, Michael Z. Medicine for dental students. The Journal of the AmericanDental Association, v. 138, n. 4, p. 436, 2007.

DORO, G. M. et al. Hospital dentistry Project. Rev ABENO, v. 6, n. 1, p. 49-53, 2006. GODOI, Ana Paula Terossi de et al. Odontologia hospitalar no Brasil. Uma visão geral. Revista de Odontologia da UNESP, v. 38, n. 2, p. 105-109, 2013.

MEIRA, S. C. R.; OLIVEIRA, C. A. S.; RAMOS, I. J. M. A importância da participação do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional hospitalar. Trabalho vencedor na 9º edição do prêmio SINOG de Odontologia, 2010.

QUELUZ, D. P.; PALUMBRO, A. Integração do odontólogo no serviço de saúde em uma equipe multidisciplinar. Jornal de Assessoria e Prestação de Serviços ao Odontologista, v. 3, n. 19, p. 40-6, 2000.

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