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Como se preparar para a vida profissional desde a graduação? | Colunista

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Pensando em caminhos que me traçaram em identidade, lembro que quando entrei na graduação quase todos os professores e professoras me perguntavam sobre o motivo e quais eram os meus planos para a Psicologia. Tinha acabado de sair do ensino médio e aquilo tudo para mim eram desafios que me deixavam com frio na barriga. O estímulo a participação ativa da minha cidadania enquanto mulher negra, deficiente dos membros superiores, bixessual, etc era e é muito intenso. 

Ao decorrer, em desenvolturas de acompanhamento terapêutico e a tonificação de vínculos entre pontes de acesso, comecei a buscar experiências que me emancipassem por compromissos éticos e políticos. Concebendo as relações sociais e a imprescindibilidade  do saber popular, comecei a sair do espaço acadêmico em perspectiva da Psicologia Social e Comunitária. O que viabilizou vivências que me prepararam e ainda prepara na minha vida profissional.

Rememoro que na época buscava sempre realizar cursos extracurriculares com práticas, de modo a fomentar os conhecimentos. Que inclusive foi através de um sobre psicologia hospitalar que obtive contato com uma instituição de acompanhamento a crianças com câncer, na qual tive a chance de estagiar voluntariamente. E porque trago isto? Bom, o manejo ao  preparo a uma vida profissional imbrica todo o processo de formação. Em que o pensar manteve-se na própria prática pessoal, me vendo  enquanto corpo político. Após essa experiência tive outras oportunidades que viabilizaram contatos e referenciais de apoio que compartilharam saberes comigo.

Outro exemplo de resultados desses compartilhamentos ainda em atuações voluntárias foi o trabalho em gestão de comunidade em uma organização social que me fez repensar a que (m) a psicologia serve (m) , tendo em vista a perspectiva histórica de um fazer que Dentre as minhas referências, lembro-me de uma das mais esperadas aulas da semana, que era a da Psicologia Social. Da mensagem trazida sobre os apontamentos de Yamamoto (2012) em artigo titulado como “50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político?”. Em que a mesma aponta sobre o elitismo perpassado intergeracionalmente entre a profissão, isto é, nós enquanto profissionais e, as as implicações das representações e papéis. De modo, que apresenta-se em intensos conflitos de reformulações e olhares. Que neste sentido tendo como tais problemáticas, torna-se e 

[…] é necessário recuperar um antigo – embora sempre atual – debate sobre a diferença entre ação política em sentido estrito e a dimensão política da ação profissional. […] Toda ação profissional, esteja o psicólogo ciente ou não, comporta uma dimensão política, pelo fato de o profissional estar envolvido […] com as relações de poder da sociedade. Ignorar essa dimensão representa assumir as já superadas teses sobre a neutralidade da técnica (YAMAMOTO, 2012, p.2)

Hoje, 11 meses de formada considero que ainda se há muito a aprender e reaprender.  Tais menções entrecruzadas a minha realidade social demonstra a fragilidade de serviços que voltam-se a retrocessos dante garantidos pelos movimentos sociais agregados também a prática psi que é de militância. Vale destacar que os contextos mudam de pessoas para pessoas, atentando-me a não  generalização de multidimensionalidades que cercam a Psicologia. Mas deixo enquanto troca a reflexão de que a academia jamais será o suficiente, porque a Psicologia se constrói COM. 

Sarah Nascimento de Jesus
Mulher negra soteropolitana, deficiente dos membros superiores, psicóloga de abordagem sócio histórica (CRP 03/21234). Trago bagagens pelo qual milito, como temas sobre comunidades,  violência doméstica e familiar, gestão comunitária, atenção integral à saúde das populações do campo, da floresta e das águas, gestão local de desastres naturais para a Atenção Básica, saúde mental, intervenção psicológica na uti: geral e cardíaca e, intervenções psicossociais com pacientes oncológicos, em perspectiva interseccional.

Matérias relçacionadas:

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REFERÊNCIAS: 

YAMAMOTO, Oswaldo H. 50 anos de profissão: responsabilidade social ou projeto ético-político?. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932012000500002#7a. Acesso 28 de Outubro de 2020. 

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