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A Depressão sob a perspectiva da Gestalt-Terapia da Terapia cognitivo comportamental | Colunista

A Depressão sob a perspectiva da Gestalt-Terapia da Terapia cognitivo comportamental | Colunista

A depressão ou Transtorno Depressivo Maior é um distúrbio mental caracterizado pela sensação de tristeza persistente ou perda de interesse em atividades, prejudicando significativamente o dia a dia. As causas podem ser genéticas, bioquímicas cerebrais ou psicossociais e os fatores de risco são: histórico familiar, transtornos psiquiátricos correlatos, estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, dependência de álcool e drogas ilícitas, traumas psicológicos, doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas dentre outras, conflitos conjugais, mudança brusca de condições financeiras e desemprego etc.

Os sintomas, que variam desde comportamentais a físicos como ansiedade, apatia, culpa, descontentamento geral, desesperança, mudanças de humor, perda de interesse ou prazer nas atividades, solidão, tristeza, tédio ou sofrimento emocional, automutilação, choro excessivo, inquietação, irritabilidade ou isolamento social, insônia ou sonolência em excesso, falta de concentração, pensamentos suicidas, fadiga, fome excessiva ou falta de apetite, abuso de substâncias, repetição incessante de pensamentos etc.

A depressão requer diagnóstico médico e seu tratamento é feito com psicoterapia e antidepressivos. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2018 p. 160-161) o diagnóstico é feito se houverem “cinco (ou mais) sintomas presentes durante o mesmo período de duas semanas e representarem uma mudança em relação ao funcionamento anterior, e não se devem incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica”.

Depressão e a Gestalt-Terapia

A Gestalt -Terapia é caracterizada por uma abordagem de matriz existencial fenomenológica orientada para a percepção que visa a tomada de consciência. 

A busca por satisfação e a regulação de si próprio acontece quando surge uma necessidade, assim dizemos que uma gestalt é formada. Quando a gestalt é completa ocorre à destruição ou fechamento da mesma, para que em seguida outra seja formada, depois fechada, e assim sucessivamente. A formação de novas Gestalts supõe que o indivíduo tenta sempre satisfazer suas necessidades da melhor maneira possível.

O homem sob a perspectiva da Gestalt é considerado como um ser livre para fazer escolhas e pelas quais deve se responsabilizar. É compreendido como um ser de possibilidades e de potencialidades, que devem ser valorizadas ao longo do processo terapêutico. 

De acordo com Ribeiro (1994) apud Mendes & Baratieri, (2011):

“na Gestalt-Terapia as pessoas são percebidas como seres de relação, e tais relações acontecem através do contato. O processo do contato ocorre em duplo aspecto: aproximando e separando as pessoas. Sendo esta uma função do self, pois se o indivíduo perde o contato consigo, não há como entrar em contato com o mundo”.

 

De acordo com Etapechusk e Fernandes (2017), para a Gestalt, “a depressão é caracterizada por uma alteração psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida e apresenta uma configuração em que o ajustamento criativo está comprometido”. Desta forma o ajustamento depressivo torna-se predominante no dia a dia do individuo.  

Diante do acima descrito, constata-se que na depressão, ocorre uma fragmentação desses aspectos, e o organismo não consegue formar ou abrir Gestalts, logo, o acúmulo de situações incompletas ou gestalts abertas prejudicam o processo homeostático, adoecendo assim o organismo.

Tratamento da depressão com a Gestalt Terapia

A partir dessas considerações, o processo a ser realizado com o paciente depressivo consiste em trabalhar a unidade dessas estruturas que estão comprometidas por ajustamentos. Assim são concretizadas de acordo com as possibilidades do sujeito em determinados fenômenos e através desse processo é possível refazer relações dinâmicas da figura-fundo. Figura-Fundo refere-se à predisposição do sistema visual para resumir uma cena com um objeto principal que nós estamos olhando (figura) e tudo que o forma o fundo.

A psicoterapia é um encontro que tem como finalidade ajudar o paciente a se desenvolver aos poucos, em “unidades”, até que ele perceba a sua essência decorrida, ou seja, até que ele possa identificar e vivenciar o conceito de si próprio e seus desejos com sua própria realidade. Diante das afirmações, cabe dizer que psicoterapia é um processo de busca, de procura, de compreensão e aceitação dinâmica da própria realidade.

Algumas das técnicas que os profissionais utilizam no tratamento da depressão sob a perspectiva da gestalt são: canalizar as energias, afim de trazer para fora tensões internas, promover o encontro intrapessoal, de modo que o paciente tome consciência  de alguns elementos ou circunstâncias, assimilação de projeções etc.

Depressão e Teoria Cognitiva Comportamental

A teoria cognitiva comportamental, conforme proposta por Aaron Beck baseia-se na premissa de que a relação entre cognição, emoção e comportamento está envolvida no funcionamento normal do ser humano e, principalmente, na psicopatologia.  A TCC compreende o modo como o ser humano interpreta os acontecimentos e como estes os afeta.

Na visão da TCC a depressão pode ser compreendida como decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos disfuncionais, ou seja, distorções cognitivas, compreendidas como erros sistemáticos na percepção e no processamento de informações. Os pacientes com depressão acreditam e agem como se as coisas estivessem piores do que realmente são.

O modelo cognitivo desenvolvido Aaron Beck para a depressão presume dois elementos básicos: a tríade cognitiva e as distorções cognitivas. A tríade cognitiva consiste na visão negativa que o sujeito tem si mesmo, na qual a pessoa tende a ver-se como inadequada ou inapta; na visão negativa do mundo, incluindo relações, trabalho e atividades; e na visão negativa do futuro, o que parece estar cognitivamente vinculado ao grau de desesperança. 

Tratamento da depressão com a Teoria Cognitivo Comportamental

A terapia na TCC é um tratamento que auxilia os pacientes a modificarem suas crenças e comportamentos. Algumas estratégias adotadas são: foco nos pensamentos automáticos, no modo que a pessoa relaciona-se com outros e mudanças de comportamentos.

O primeiro passo no tratamento da depressão é a ativação comportamental, com base no reforço positivo e aprendizagem social, que contribuem para a manutenção dos estados depressivos. O segundo passo é a reestruturação cognitiva, onde o terapeuta ajuda o paciente a identificar crenças disfuncionais (percepções equivocadas a cerca de conceitos fundamentais, podendo causar elevado sofrimento), distorções cognitivas (pensamentos exagerados e/ou irracionais) e pensamentos automáticos (fluxos de pensamentos que existem num fluxo de pensamentos manifestos), as reações fisiológicas, emocionais e comportamentais consequentes aos pensamentos. 

 O próximo passo é identificar quais comportamentos foram desenvolvidos para enfrentar as crenças disfuncionais e como as experiências anteriores têm contribuído na manutenção das crenças do paciente. A seguir, uma vez que o paciente tenha conhecimento sobre os fatores mantedores do comportamento depressivo, serão aplicadas nas sessões intermediárias técnicas que auxiliem o paciente no manejo dos sintomas.

Segundo Abreu et. al. (2008), “a terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens que apresentam mais evidências empíricas de eficácia no tratamento da depressão, quer oferecida de forma isolada ou em combinação com farmacológicos.”

Dados estatísticos 

É importante ressaltar que em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com depressão, sendo a principal causa de incapacidade e contribui de forma importante para a carga global de doenças. Segundo a OPAS Brasil (2018), “embora existam tratamentos eficazes conhecidos para depressão, menos da metade das pessoas afetadas no mundo recebe tais tratamentos”. Alguns dos obstáculos enfrentados no tratamento eficaz  contra a depressão são a falta de recursos, a falta de profissionais treinados e o estigma social que é relacionado aos transtornos mentais. 

Assim como qualquer outra doença a depressão precisa do tratamento adequado e com profissionais capacitados.

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