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As seis funções fundamentais do psicólogo escolar | Colunista

As seis funções fundamentais do psicólogo escolar | Colunista

 

Introdução

Muito já se foi dito sobre a psicologia escolar, artigos, livros e diversos outros conteúdos foram feitos para o desenvolvimento e para sua compreensão. Desta forma, torna-se um trabalho duro e complexo elencar, de forma sucinta, funções fundamentais e elementares que psicólogos escolares praticam ao longo de suas carreiras. Desta forma, o propósito deste artigo é demonstrar que, mesmo com tamanha complexidade, pode-se apresentar aqui seis funções básicas que, em sua maioria, psicólogos escolares praticam.

Ainda hoje ao se refletir sobre o papel do psicólogo escolar, muitas dúvidas podem surgir quanto a este assunto. Muitas destas dúvidas podem estar relacionadas à prática deste profissional, à sua base teórica, até mesmo as funções específicas que este desempenha. Assim, esclarecer um pouco do processo histórico e o desenvolvimento desta área, como também, a sua prática nos dias atuais se torna de suma importância.

Para que isto seja possível, este artigo seguirá o seguinte caminho: Primeiramente será apresentado os contextos históricos desta área, o modelo tradicional; em seguida será apresentado o modelo moderno, do qual é trabalhado hoje dentro das escolas por muitos psicólogos; por fim, será apresentado as seis funções elementares do psicólogo escolar.

1. O antigo contexto tradicional

Ao se estudar a história da psicologia escolar e observar sua antiga prática, pode-se perceber que esta sofreu muitas mudanças conforme os anos. A maneira de se trabalhar do psicólogo escolar há cinquenta anos atrás, a prática tradicional (Martinez, A. M. 2010), era como um mecânico que faz reparos em uma máquina, isto é, a maquina por algum motivo já não funciona da forma esperada, assim, o mecânico procura, faz testes e tenta diagnosticar o problema, para assim trata-lo com as ferramentas necessárias.

Em outras palavras, a antiga prática do psicólogo escolar era extremamente focada na resolução dos problemas, avaliação, diagnostico, atendimento e encaminhamento para o tratamento necessário. Sobre esta prática tradicional e sua função Martinez afirma:

Essa tem sido uma das mais tradicionais funções do psicólogo na instituição escolar, devido ao viés significativamente clínico que dominou a Psicologia por muitos anos. Na representação social das funções do psicólogo, essa constitui, sem dúvidas, uma das formas de maior destaque. (MARTINEZ, A. M, 2010, p 43)

Ao longo do tempo, está abordagem tradicionalista acabou por perder espaço dentro da prática do psicólogo escolar. Com novas visões e atualizações da ciência e dos estudos da psicologia, uma prática direcionada ao diagnóstico e aos tratamentos específicos de problemas, já não era mais suficiente para um bom desenvolvimento das funções de um psicólogo escolar, isto é, entender o contexto presente, e aplicar práticas das quais o desenvolvimento seria possível, assim, uma nova prática começou a se formar e se desenvolver.

Diante disto, Martinez(2010) descreve sobre uma nova prática que aos poucos estava surgindo e tomando espaço, esta já não se limitava em diagnosticar os alunos, mas compreender como um todo de forma mais interpretativa a relação do fenômenos que poderiam estarem envolvidos no desenvolvimento escolar destes alunos. Em suas palavras:

O caráter qualitativo, processual, comunicativo e construtivo do diagnóstico e da avaliação das dificuldades escolares vai superando, não sem dificuldades, o diagnóstico rotulador e estático que caracterizou o diagnóstico das dificuldades escolares durante muitos anos. (MARTINEZ, A. M, 2010, p44)

Diante de todos estes acontecimentos, a função da psicologia escolar já não é a simples e velha prática do diagnóstico, mas sim, a nova prática fundamentalmente biossicosocial. Esta leva em consideração, não só o modelo biológico e psicológico do ser humano, mas também o âmbito social, afirmando que para uma análise completa e válida para uma prática efetiva, deve-se levar em conta todos os aspectos do ser humano. Em outras palavras:

Salientamos a importância do trabalho do psicólogo direcionado à compreensão da gênese das dificuldades escolares, elemento essencial para o delineamento das estratégias educativas e cujo acompanhamento, em parceria com o professor e com outros profissionais, constitui a via para a superação dos problemas detectados. (MARTINEZ, A. M, 2010, p 44)

2. Os novos tempos

Os novos tempos trouxeram novas formas de análise e novas funções, assim a psicologia escolar se renovou. Sua visão já não é simplista e rotuladora, como a visão tradicional, mas agora entende que todos aqueles dentro do âmbito escolar, isto é, professores, alunos, diretores e outros funcionários, estão envolvidos, pois este é um processo biopsicosocial.

Desta forma, pode-se entender que há um novo patamar de conhecimentos relacionados, tanto da pedagogia como da psicologia, que caminham sempre em direção ao mesmo objetivo, sendo este o desenvolvimento das pessoas dentro do âmbito educacional. Sobre a importância dessas relações entre a psicologia e a pedagogia trabalhando em um objetivo comum, De Medeiros e Aquino afirmam:  

A troca de conhecimentos com outras áreas é vista positivamente por autores que discutem sobre a atuação do psicólogo escolar, pois o trabalho na escola passa, necessariamente, pela necessidade de um trabalho interdisciplinar que envolva à comunicação entre pedagogia e psicologia. (DE MEDEIROS, L. G., & AQUINO, F. D. S. B. 2011 p234)

Ou seja, este é um processo extremamente complexo e, nos dias de hoje, esta nova forma de trabalho é o centro fundamental da prática da psicologia escolar, que já não há tanto foco no diagnostico rotulador, mas um foco nas relações, no processo, no desenvolvimento, e na compreensão aprofundada do âmbito escolar.

3. As seis funções elementares do psicólogo escolar

1- Entender a instituição de ensino

É preciso que o psicólogo compreenda o cenário escolar. Este profissional tem a função de desenvolver projetos e ajudar promovendo a reflexão e a construção de conhecimentos. Para que isso seja possível, é fundamental que ele tenha uma visão integrada do âmbito escolar para que assim seu trabalho seja realmente efetivo no que se propõe a fazer.

2- Acompanhar alunos e pais

O acompanhamento de pais e alunos, chamado de Orientação psicológica, não deve ser entendido como psicoterapia, pois esta não é função do psicólogo escolar. Desta forma, é primordial que o psicólogo desenvolva ações interventivas em colaboração com outras áreas e profissionais da escola, para a superação de dificuldades observadas em relação ao aluno e a família, visando, assim, o bem-estar emocional e um bom relacionamento entre alunos, pais e escola.

3- Orientação dos alunos nas questões profissionais futuras

A orientação profissional é uma das principais funções no acompanhamento de alunos, principalmente no ensino médio. O psicólogo escolar trabalha com questões de reflexão, elaboração de planos futuros e projetos, dos quais os alunos podem dar significados ainda maiores para suas vivências dentro da escola, planejando um futuro para si mesmo e projetos para suas próprias vidas. Sendo está uma das principais funções do psicólogo escolar.

4- Formação e apoio aos professores

O apoio e desenvolvimento de estratégias para a formação e orientação de professores é de extrema importância na prática escolar, pois diante das dificuldades que professores podem ter, o psicólogo escolar deve estar ali como um suporte para a superação destas dificuldades, desde que essas dificuldades sejam demandas para a psicologia.

O psicólogo escolar com sua experiência e conhecimento, não apenas nas áreas relacionadas ao processo cognitivo, mas também no desenvolvimento emocional e na prática da análise social, contribui formando novas habilidades e dando orientações aos professores para que possam desenvolver de forma mais efetiva seu trabalho.

5- Participação na construção do projeto pedagógico

A proposta pedagógica é a base fundamental daquilo que irá ser ensinado e trabalhado dentro de uma escola.

O psicólogo é o único, em um âmbito escolar, que pode trazer questões reflexivas sobre o desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Desta forma, ele deve estar presente na construção deste projeto, para que haja um bom trabalho multidisciplinar, e para que assim se obtenha um bom desenvolvimento reflexivo dos aspectos biopsicossociais.

6- Elaboração de projetos

Esta função é extremamente fundamental para o psicólogo escolar, pois é aqui que suas habilidades podem ser melhores trabalhadas.

Desenvolvendo propostas especificas, o psicólogo pode trabalhar questões extremamente importantes, como as questões das drogas e das violências, trabalhando assim de forma preventiva. Como pode, também, trabalhar com projetos direcionados aos professores e funcionários da escola, focando em suas relações e desenvolvimento dos trabalhos escolares.

Trabalhando estas questões, o psicólogo consegue, não só fazer com que a escola trabalhe sua função de desenvolver a reflexão dos alunos sobre seus futuros, sobre suas vidas e sobre suas a relações sociais, como pode trabalhar questões emocionais e relacionais entre alunos e professores.

Conclusão

Descreveu-se ao longo deste texto o desenvolvimento da prática da psicologia escolar, seus antigos parâmetros e suas funções nos dias de hoje. Pôde-se observar a mudança do método tradicional, um modelo mais direcionado ao diagnóstico e a resolução de problemas, para um novo modelo mais abrangente, reflexivo e mais direcionado aos aspectos biopsicossociais.

Pôde-se, também, observar as 6 funções elementares que psicólogos escolares, em sua maioria, devem praticar, sendo estas: Entender a instituição de ensino, acompanhar alunos e pais, orientação dos alunos nas questões profissionais futuras, formação e apoio aos professores, Participação na construção do projeto pedagógico e Elaboração de projetos.

Como já dito, o objetivo deste artigo era descrever de forma clara e sucinta as funções elementares que psicólogos escolares, em sua maioria, praticam ao longo de suas carreiras. Pôde-se observar que este objetivo foi alcançado e suas funções elementares foram descritas ao longo deste texto, esclarecendo cada função e sua importância no desenvolvimento desta prática.

Obviamente existem muitas outras funções fundamentais que podem ser trabalhadas neste texto, mas que tornariam este artigo de tamanha abrangência que o faria perder seu foco fundamental. Desta forma este artigo abre espaço para que novos estudos e publicações sejam escritos e trabalhados, para assim enriquecer ainda mais esta área tão fundamental em nossa sociedade, pois ao trabalharmos e estudarmos mais e mais os detalhes desta profissão, mais eficaz e necessária ela se tornará.

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Referências

DE MEDEIROS, Lucilaide Galdino; AQUINO, Fabíola de Sousa Braz. Atuação do psicólogo escolar na rede pública de ensino: concepções e práticas. Psicologia Argumento, v. 29, n. 65, 2011.

MARTINEZ, Albertina Mitjáns. O que pode fazer o psicólogo na escola?. Em aberto, v. 23, n. 83, 2010.

VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro do. Psicologia escolar: um duplo desafio. Psicologia: ciência e profissão, v. 23, n. 1, p. 22-29, 2003.

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