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Entenda a relação entre a perda dentária e a doença de Alzheimer | Colunista
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A Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos no mundo e, no Brasil, estima-se que tivemos 1,6 milhão de casos de demência no ano de 2017, sendo a maior parte diagnosticada como Doença de Alzheimer (LIMA-SILVA, 2019).
No contexto da Odontologia Geriátrica (Odontogeriatria), a orientação e treinamento do cuidador e da família quanto à higienização correta da cavidade oral é fundamental, mesmo na ausência de elementos dentários.
Perder os dentes não é um processo natural do envelhecimento
A Periodontite é uma doença crônica que acomete a cavidade oral e leva à perda dentária. A Periodontite apresenta influência negativa em condições sistêmicas, incluindo doenças crônicas não transmissíveis e doenças neurodegenerativas como a Doença de Alzheimer (HAJISHENGALLIS, 2015; FURMAN et al., 2019; BEYDOUN et al., 2020; KAMER et al., 2020).
Entenda a relação entre a Periodontite e a Doença de Alzheimer
As pesquisas atuais demonstram que o patógeno-chave da Periodontite, a bactéria Porphyromonas gingivalis, promove a disbiose oral, o que leva ao desenvolvimento das principais doenças bucais e exacerba a inflamação sistêmica (HAJISHENGALLIS, 2015).
Em uma pesquisa publicada em 2019, observou-se que a infecção oral por P. gingivalis em camundongos resultou em colonização cerebral e aumento da formação de placas senis. As principais proteases de P. gingivalis, as gingipaínas, foram identificadas no cérebro de camundongos com Doença de Alzheimer. Além disso, as gingipaínas foram neurotóxicas in vivo, exercendo efeitos prejudiciais sobre a proteína tau, necessária para a função neuronal normal (DOMINY et al., 2019).
Para bloquear essa neurotoxicidade, os pesquisadores projetaram, sintetizaram e testaram in vivo um inibidor de gingipaína seletivo e com penetração cerebral, o qual, quando administrado via oral em camundongos, reduziu a carga de P. gingivalis em uma infecção cerebral, bloqueou a formação de placas senis, reduziu a neuroinflamação e preveniu a perda de neurônios no hipocampo (DOMINY et al., 2019).
Atuação transdisciplinar na Gerontologia
O estudo de Dominy e col. (2019) sugere que inibidores dos fatores de virulência de P. gingivalis podem ser úteis no tratamento da neurodegeneração cerebral na Doença de Alzheimer, o que justifica estudos de tais moléculas e enfatiza a importância da prevenção e do tratamento da periodontite para a prevenção e o controle de alterações sistêmicas e da Doença de Alzheimer.
Dessa forma, a atuação do cirurgião-dentista complementa o cuidado integral ao indivíduo, o que ressalta a relevância da atuação transdisciplinar dos profissionais da saúde na Gerontologia.
Observe a seguir um quadro elaborado com base em Lima-Silva (2019) que resume as principais condições clínicas apresentadas pelo paciente portador de Doença de Alzheimer e exemplifica ações direcionadas ao cuidado preventivo, reabilitador ou relacionado à família em cada condição clínica.
QUADRO 1. Ações de cuidado em indivíduos com Doença de Alzheimer (DA).
Fonte: a autora*, elaborado com base em Lima-Silva (2019)
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Referências
BEYDOUN, M.A.; BEYDOUN, H.A.; HOSSAIN, S. et al. Clinical and bacterial markers of periodontitis and their association with incident all-cause and Alzheimer’s disease dementia in a large national survey. J. Alzheimers Dis., v. 75, n. 1, p. 157‐172, 2020.
DOMINY, S.S.; LYNCH, C.; ERMINI, F. et al. Porphyromonas gingivalis in Alzheimer’s disease brains: evidence for disease causation and treatment with small-molecule inhibitors. Sci Adv., v. 5, n. 1, 2019.
FURMAN, D.; CAMPISI, J.; VERDIN, E. et al. Chronic inflammation in the etiology of disease across the life span. Nat. Med., v. 25, p. 1822-1832, 2019.
HAJISHENGALLIS, G. Periodontitis: from microbial immune subversion to systemic inflammation. Nat. Rev. Immunol., v.15, n. 1, p. 30-44, 2015.
KAMER, A.R.; CRAIG, R.G.; NIEDERMAN, R. et al. Periodontal disease as a possible cause for Alzheimer’s disease. Periodontol 2000., v. 83, n. 1, p. 242‐271, 2020.
LIMA-SILVA, T. B. Envelhecimento cerebral e saúde mental na velhice. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019.
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