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Atuação do farmacêutico na saúde do coração | Colunista

Atuação do farmacêutico na saúde do coração | Colunista

Você sabia que as doenças cardiovasculares são a causa número um de mortes em todo o mundo? 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), ocorre uma morte a cada 90 segundos no país e estima-se que 32% da população brasileira apresenta alguma doença do coração, sendo insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e arritmias as de maior prevalência. Estes dados já geraram 114 mil mortes de origem cardiovascular somente neste ano em nosso país. No mundo, 31% das mortes também estão relacionadas a doenças do coração, sendo as principais causas os ataques cardíacos e os acidentes vasculares cerebrais (AVCs). 

Diante desse cenário, é crescente a demanda de profissionais especializados no cuidado do coração e o farmacêutico não pode ficar de fora! É nosso papel entender a fisiopatologia das doenças cardiovasculares, fatores de risco, medidas de prevenção e as terapias farmacológicas, atuando junto com o paciente e a equipe multiprofissional para um melhor desfecho clínico. 

  • Áreas de atuação

Atenção primária: Promover campanhas e programas que incentivem a cessação do tabagismo, que estimulem a prática de exercícios físicos e uma alimentação equilibrada. Sabemos que o sedentarismo associado a uma dieta rica em gordura e sal e o hábito de fumar são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças ateroscleróticas que podem resultar em infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca.

Atenção secundária: Também faz parte do nosso escopo atuar juntamente com os pacientes ambulatoriais. Neste cenário, o farmacêutico está apto a educar o paciente sobre a ação da farmacoterapia e o impacto no controle dos sintomas e evolução da doença, além de identificar e prevenir potenciais problemas relacionados ao uso dos medicamentos e que podem resultar em má adesão. 

Atenção terciária: já não é novidade que o farmacêutico atua dentro das unidades hospitalares, não só na dispensação dos medicamentos, mas juntamente com a equipe médica e multidisciplinar a beira-leito como farmacêutico clínico. Podemos aturar nas Unidades Coronarianas (UCO), UTIs cardiológicas e Unidades de internação. São diversas as atividades do farmacêutico clínico neste cenário:

  1. Conciliação medicamentosa: assim como em outras populações de pacientes, todos os pacientes cardiológicos devem ser avaliados em relação à conciliação dos medicamentos de uso contínuo durante a internação hospitalar. As classes de medicamentos mais utilizadas são: anticoagulantes, betabloqueadores, antiagregantes plaquetários e estatinas. Devemos nos atentar quando as condições clínicas dos pacientes contraindicam o uso desses medicamentos e tentar o retorno deles o mais breve possível, pois, são medicamentos essenciais no tratamento de diversas doenças cardiológicas.

  2. Horário de administração:  Alguns dos medicamentos relacionados ao tratamento de condições cardíacas devem ser administrados em horários específicos para melhor efeito clínico. São exemplos: estatinas, diuréticos e nitratos. No geral, as estatinas são aprazadas para o período da noite, devido à síntese de colesterol ocorrer em maior proporção durante esse período. Os diuréticos devem ser aprazados durante o dia para que seu efeito não ocorra a noite, assim não atrapalha o ciclo de sono do paciente e não aumenta o risco de quedas. Já os nitratos por sua vez, devido ao efeito de tolerância, devem ser aprazados de forma que o paciente fique “livre” do medicamento por pelo menos 12 horas.

  3. Interações medicamentosas e reações adversas: existem inúmeras interações medicamentosas que podem prolongar o intervalo QT e os pacientes cardiológicos são uma população de risco aumentado para o desenvolvimento desta condição. O farmacêutico deve estar apto a identificar quais interações e medicamentos apresentam maiores chances de aumentar o intervalo QT e observar essa alteração no eletrocardiograma.

  4. Administração de medicamentos: o farmacêutico deve saber o tipo de acesso que o paciente possui para orientar a melhor diluição e tempo de infusão dos medicamentos para se evitar flebite e necrose no local de infusão. O tempo de infusão também está relacionado ao surgimento de efeitos adversos. No geral, em acessos periféricos se utiliza um maior volume de infusão dos que em acessos centrais. Drogas vasoativas, antiarrítmicos e inotrópicos devem ser preferencialmente administrados em acesso venoso central, como CVC ou PICC. 

São inúmeras as atividades e desafios do farmacêutico no cuidado aos pacientes cardiológicos. Por isso, o farmacêutico que atuar neste cenário deve sempre se manter atualizado com as inovações na área para melhorar o cuidado ao paciente e garantir sucesso do tratamento.  

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Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Cardiômetro. Disponível em: < http://www.cardiometro.com.br/> Acesso em: 13 de abril de 2021. 

  2. OPAS. Doenças Cardiovasculares. Disponível em: < https://www.paho.org/pt/topicos/doencas-cardiovasculares > Acesso em 13 de abril de 2021.

  3. STEVENS, B. et al. Os Custos das Doenças Cardíacas no Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 111, n. 1, p. 29-36, 2018. https://doi.org/10.5935/abc.20180104

  4. CARVALHO, D.C.M.F. et al. Manual de Farmácia Clínica e Cuidado ao Paciente. Hospital Sírio-Libanês. Editora Atheneu. 2017. 

 

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